quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O Homônimo: Fausto

Eis Fausto assinando o tratado com Mefisto.


Fausto, de acordo com o que nos conta Goethe, foi um homem sábio que não se deu por satisfeito com o conhecimento que possuía  e acaba fazendo um pacto com Mefisto, o diabo, para saber tudo sobre o amor, a magia e a ciência. O que no final não me parece uma má ideia.

Então me deparo com Fernando Pessoa trazendo para si o  personagem e escrevendo versos muito interessantes:


"Quando te vi, amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci para ti antes de haver o mundo.
Não há coisa mais feliz ou hora alegre
que eu tenha tido pela vida fora,
que não o fosse porque te previa,
porque dormias nela tu futuro,
e com essas alegrias e esse prazer
eu viria depois a amar-te. Quando,
criança, eu, se brincava a ter marido,
me faltava crescer e o não sentia,
o que me satisfazia eras já tu,
e eu soube-o só depois, quando te vi,
e tive para mim melhor sentido,
e o meu passado foi como uma estrada
iluminada pela frente, quando
o carro com lanternas vira a curva
do caminho e já a noite é toda humana.

Tens um segredo? Dize-mo, que eu sei tudo
de ti, quando m’o digas com a alma.
Em palavras estranhas que m’o fales,
eu compreenderei só porque te amo.
Se o teu segredo é triste, eu saberei
chorar contigo até que o esqueças todo.
Se o não podes dizer, dize que me amas,
e eu sentirei sem qu’rer o teu segredo.
Quando eu era pequena, sinto que eu
amava-te já hoje, mas de longe,
como as coisas se podem ver de longe,
e ser-se feliz só por se pensar
em chegar onde ainda se não chega.

Amor, diz qualquer coisa que eu te sinta!"

(Pessoa, Fernando. TRAGÉDIA SUBJETIVA, ATO IIII).

Nenhum comentário: